quinta-feira, 14 de julho de 2011

DE QUEM É A CULPA?

Recentemente, surgiu mais uma vez a onda de comentários de que o público está se afastanto das novelas. Motivos não faltam: as novas mídias, o trânsito que faz as pessoas chegarem mais tarde em casa. Numa entrevista, o autor Silvio de Abreu culpou os pobres (classes D e E), praticamente chamando-os de burros, alegando que eles demoram a entender a história, daí o tardio interesse em acompanhá-las.
Talvez, falte ao autores a capacidade de olhar para o próprio umbigo e ver que pouca coisa criativa tem sido feita ao longo dos últimos anos. É como se a nossa crença de que temos as melhores novelas do mundo fosse tão forte e tão verdadeira que paramos no tempo. Quase como se tivéssemos chegado no topo na capacidade criativa e alí parássemos porque não há nada mais a alcançar.
A novela não precisa recorrer a novos formatos de duração e de números de capítulos para melhorar. Mas, uma coisa é certa, o gênero precisa se reinventar, assim como as séries americanas se reiventaram nos últimos anos. O gênero sempre foi bem sucedido, mas cresceu tanto em qualidade, ousadia e criatividade, nas últimas duas décadas que as séries voltaram a ser cultuadas e desejadas pelas emissoras de televisão.
Só espero que o, eventual, sucesso de O ASTRO não fomente uma onda de remakes e adaptações de antigas telenovelas, pois isto contribuiu, e muito, para o desgaste do gênero novela, no México.
Sou um profundo admirador de novelas e volto a repetir que novela boa é aquela que te deixa com vontade de ver o próximo capítulo. Pensam muito em fisgar aqueles que não assistem para engordar os números de Ibope, mas deixam tudo tão explicadinho que as tramas ficam muito monótonas para aqueles que seguem suas histórias favoritas noite após noite.