quarta-feira, 29 de julho de 2009

REMAKE OR NOT REMAKE

Estão faltando autores no mercado? As boas ideias estão cada vez mais escassas? Trocar estas indagações por afirmações pode ser a resposta mais recorrente à onda mundial de remakes. Nunca em toda história da televisão houve tanta disputa para compra de roteiros originais para serem produzidos em outros países, outros idiomas. Algumas vezes, adaptações fiéis que não fogem uma linha da história original, outras vezes com uma liberdade tão grande que a história adaptada acaba se tranformando numa trama praticamente nova.
No Brasil, a Globo utiliza este recurso de tempos em tempos, sempre com a intenção de se calçar na garantia de uma trama de sucesso para levantar o sempre periclitante horário das seis da tarde. Alguns conseguiram ser tão bons quanto seus originais como MULHERES DE AREIA. Outros tiveram relativo sucesso como SINHÁ MOÇA; e fracassos também foram produzidos como nas duas adaptações de obras de Janete Clair: IRMÃOS CORAGEM e PECADO CAPITAL. O SBT usou deste artifício para manter uma linha de produção nacional ao longo da última década. Firmou contrato com a Televisa no final dos anos 90 e o manteve por quase oito anos. Neste período fez adaptações fiéis aos seus originais: Pícara Sonhadora, Pequena Travessa, Esmeralda, Canavial de Paixões; algumas histórias seguiram uma linha original, mas tiveram mais liberdade em seu desenvolvimento: Seus Olhos, Os Ricos Também Choram e Cristal. Esta última fugiu tanto da trama original que depois de 60 capítulos exibidos veio a ordem de botar a trama nos eixos e seguir fielmente o texto do roteiro de Delia Fiallo. Com isto, alguns personagens sumiram e algumas histórias ficaram meio sem sentido. Hoje, a emissora joga suas fichas num pacote de radionovelas antigas de Janete Clair cujos direitos a emissora comprou da família da autora. VENDE-SE UM VÉU DE NOIVA é a primeira adaptação de uma destas radionovelas. Produção de boa qualidade visual, alguns bons atores e um texto irregular com trama, algumas vezes, muito arrastada. Vem sendo exibida com audiência abaixo das expectativas. Agora, a Record entra na onda dos remakes e vem calçada numa trama de sucesso mundial: BELA, A FEIA. A novela é remake de BETTY, A FEIA, já exibida no Brasil. E teve os direitos comprados da Televisa, que produziu a também exibida aqui A FEIA MAIS BELA. A emissora aposta no sucesso da história e com a estreia da novela dara o pontapé inicial de uma parceria com a maior rede de televisão mexicana. Os resultados vamos conhecer a partir da próxima semana quando a novela entrar no ar.
No México, tramas originais estão cada vez mais escassas. A Televisa vem dando privilégio a roteiros comprados de outros países e já chegou a manter puros remakes em todos os seus horários de novelas. A TV Azteca também recorre a este artifício e mescla tramas originais e regravações em sua programação na dura concorrência para roubar preciosos pontos de audiência da rival. Nos Estados Unidos, a rede latina Telemundo começou a bancar a produção de novelas, tem como principal parceira a rede colombiana Caracol, mas eles também apostam es histórias prontas, muitas vezes regravações de novelas colombianas dos anos 90.
Certamente o problema não se deve à falta de autores ou de boas ideias. O que acontece é que a disputa por audiência está cada vez mais acirrada e o preço de uma aposta errada pode ser fatal nesta guerra de emissoras pelo público. Muitas vezes é melhor dar o chamado tiro certo e apostar numa produção com histórico de sucesso reconhecido do que navegar em águas turbulentas sem saber que caminho seguir. Mas uma coisa é certa. Apostar num remake nem sempre é garantia de sucesso porque o que faz uma novela acontecer é o casamento perfeito entre texto, direção e atores. Coisa que pode acontecer no país de origem, mas nem sempre se repete nos outros locais onde as tramas são regravadas.